Sobre poder
Por: Anderson Rafael Fonseca Galvão
Fazia alguns anos que praticava a esgrima japonesa e ainda não havia feito Tameshigiri (Teste de Corte), quando em um encontro de artes marciais do Instituto Bodhidharma, houve um torneio de corte, aliás, o 1º Tameshigiri do estilo no Brasil, no qual representei a Bahia.
No local, se encontravam as maiores autoridades da esgrima japonesa (imagine a tranquilidade em que estavam os competidores).
Uma coisa importante nas artes marciais é a disciplina, fazer bem as coisas sempre.
Disciplina é algo fácil de dominar, principalmente quando se é jovem. Por isso, durante os dias que antecederam o torneio, fui atacado pelo que chamamos de “pensar demais”. Pensava que ia dar tudo errado, que o uniforme não estaria alinhado o bastante, iria executar os movimentos incorretamente, não controlaria corretamente a Katana e por fim, não cortaria o alvo, fazendo o seu suporte de metal cair num chão de pedra num salão completamente silencioso.
No momento de efetuar o corte, é necessário que o esgrimista esteja completamente concentrado, sem a menor perturbação em sua mente. Do contrário, não haverá um bom kiri (corte). Neste momento, o recinto absolutamente silencioso, mas com uma multidão de faixas pretas e Instrutores de artes marciais muito antigos nos observando.
Quando me encontrei em frente ao alvo de corte e me posicionei para cortar, aconteceu algo único: anos de treino, suor, esforço e dedicação de muitos discípulos se concentraram em um instante e no momento do corte não fui “eu” que cortei, mas um poder interno realizou perfeitamente as técnicas.
Percebi que o maior poder que podemos desenvolver é a união por amor aos semelhantes.
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